segunda-feira, 22 de outubro de 2012


A 'maldição' dos Kennedy

26 julho 2006
Os Kennedy, um apelido lendário, são uma família que, se as suas peripécias ocorressem no cenário de uma novela televisiva, provocariam a demissão imediata do guionista capaz de idealizar uma história tão carregada de desgraças e pouco credível. Sendo uma das dinastias mais poderosas dos Estados Unidos, assassinatos e escândalos parecem ter desabado sobre eles de modo especial. Relembremos rapidamente este impressionante cumular de desgraças para fazermos uma ideia das dimensões do que estamos a falar.
A considerável fortuna dos Kennedy procede do contrabando de álcool nos velhos tempos da Lei Seca. Aqueles primeiros tempos trariam à família importantes laços com alguns membros proeminentes do crime organizado que seriam de crucial importância nos acontecimentos dos anos vindouros. Joe Kennedy, o patriarca da família, não era todavia um gangster vulgar, sendo mais um empreendedor que viu na legislação contra o álcool um lucrativo nicho de mercado. No entanto, tão-pouco se pode dizer que fosse um santo. As desgraças familiares começaram oficialmente quando em 1941 Joe mandou que fosse feita uma lobotomia à sua filha Rosemary para a curar das suas frequentes crises epilépticas. Esta intervenção foi executada sem conhecimento de Rose, a mãe, embora isso não fosse a única coisa que a senhora Kennedy ignorava. Por exemplo, também não estava ao corrente da relação sentimental que o seu marido mantinha com a conhecida actriz Gloria Swanson. Segundo o autor Ronald Kessler, Joe seria uma das maiores influências no trágico destino dos seus filhos e netos: "A família Kennedy tem uma longa história de valores imprudentes e isso faz com que seja com frequência vítima de acidentes absurdos. Foi o velho Joseph - o patriarca do clã - aquele que inculcou nos seus o princípio de que para os Kennedy não existem regras que valham, nem limites que as possam parar. Ele dizia que um Kennedy nunca conhece o medo e nunca mostra as suas emoções".
A tragédia visitou pela segunda vez o casal Kennedy com a morte do seu filho Joseph, caído em combate durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto pilotava um bombardeiro numa perigosa missão quanto à qual tinha sido avisado para não participar. Joseph era um grande conhecedor de Espanha. Cobriu como jornalista a guerra civil espanhola, primeiro em Barcelona, de onde partiu para Valência e de seguida para Madrid; daí partiu para Paris para ocupar o posto de adido de imprensa da embaixada dos Estados Unidos. Segundo parece, na Madrid republicana, entrou em contacto com um grupo de partidários da causa nacional pertencentes à quinta coluna e executou uma missão secreta a mando do governo inglês.
Algum tempo depois, em 1948, falecia em França em consequência de um acidente de aviação, Kathleen Kennedy, a filha rebelde que tinha cortado laços com a família devido às desavenças com o pai.
Com a morte de Joseph, que se tinha iniciado no mundo da política como delegado da convenção democrata em 1940, todas as esperanças do patriarca centraram-se no filho que se seguia, John Fitzgerald. Tal como o pai, o jovem Kennedy incorreu em numerosas infidelidades matrimoniais, entre elas a mais famosa foi a aventura que manteve com Marilyn Monroe. Também parece ter herdado a sua má sorte com os filhos. Em 1963, John Kennedy chorava a perda de um dos filhos, Patrick, falecido apenas dois dias depois do seu nascimento. Parece que a sua mulher, Jacqueline, era propensa a partos problemáticos, já que uma filha que tivera em solteira, antes da sua relação com Kennedy, nasceu morta. Para além disto, seguir-se-ia o aziago destino que persegue os Kennedy, e assim a 22 de Novembro de 1963, aquele que foi o primeiro presidente católico dos Estados Unidos foi assassinado em Dallas em circunstâncias ainda não esclarecidas.

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