sábado, 3 de novembro de 2012

Os Kennedys: a realeza americana

Eles enriqueceram enquanto o mundo ruía, conquistaram o Senado, a Casa Branca e inúmeras beldades de Hollywood. Não fossem as tragédias que assombram sua história, os Kennedys seriam uma família invejável

Era uma ensolarada manhã de setembro do ano de 1953, em Newport, Rhode Island. A igreja de Saint Mary, decorada com crisântemos brancos e gladíolos rosa, recebia 700 convidados ilustres. O arcebispo de Boston presidia a cerimônia de casamento, que, para o regozijo dos presentes, teve direito a bênção papal, através de uma carta enviada pelo próprio Pio XII. Do lado de fora, 3 mil curiosos aglomeravam-se para uma espiadela. A imprensa ocupava-se em registrar os mínimos detalhes. A nação inteira torcia pela felicidade de Jacqueline e John Kennedy. Não fosse pelo fato de eles serem cidadãos de uma república presidencialista, o casamento teria sido uma cerimônia real. Nos Estados Unidos não existem castelos, mas, se existissem, eles teriam sido habitados pela dinastia Kennedy.

Porém nem tudo que reluz é ouro na história dessa família. Tragédias também assombram o clã, cuja trajetória política teve início no século 19, quando o primeiro Kennedy decidiu "fazer a América".Um irlandês abstêmio
Filho de imigrantes irlandeses pobres, P.J. Kennedy tinha tudo para ser mais um trabalhador braçal e alcoólatra quando largou a escola para trabalhar como estivador no porto de Boston. Mas, diferentemente dos irlandeses que trabalhavam naquele e em tantos outros portos ao redor dos Estados Unidos, ele não era chegado em bebidas alcoólicas. Sem dar um trago, Kennedy conseguiu comprar o primeiro bar, aos 22 anos, com o dinheiro que juntara trabalhando. Cinco anos mais tarde, em 1885, ele já era dono de três bares e uma importadora de bebida, a P.J. Kennedy and Company.

Naquele mesmo ano, ele foi o primeiro Kennedy a entrar para a política, na Câmara de Representantes. A seguir vieram outros mandatos como representante e como senador.

Em Boston, outro político rivalizava com P.J. Kennedy: o prefeito John Francis Fitzgerald. Durante anos, eles alternaram momentos de oposição e aliança. Kennedy se saiu bem na política. Já Fitzgerald envolveu-se em escândalos por causa de infidelidade e fraude, perdendo várias eleições para cargos diferentes. Entre alianças e rivalidades, as famílias Kennedy
 Fitzgerald se uniram em 1929, no casamento de seus filhos, Joe Kennedy e Rose Fitzgerald.
Milionários em um dia
Joe e Rose tiveram nove filhos e ficaram milionários de um dia para o outro. Esse dia foi 24 de outubro de 1929, exatamente no crash da Bolsa de Valores de Nova York. Joe ganhou 15 milhões de dólares, negociando ações antes de o mercado explodir. Ele tinha informações privilegiadas, o que, numa época sem qualquer regulamentação, não era crime.
A fortuna de Joe Kennedy se multiplicaria dez vezes em poucos anos, não apenas por causa de seus investimentos imobiliários, de sua carreira de produtor de Hollywood ou de seu diploma em Harvard. A grande jogada de Joe foi burlar a Lei Seca, que imperava nos Estados Unidos desde 1920, proibindo a importação e o consumo de bebida alcoólica. Usando suas conexões em Washington, obteve permissão para importar quantidades enormes de bebidas como se fossem medicamentos. Uma parte delas, vendeu aos compatriotas alcoólatras, ilegalmente. A outra parte foi estocada até que a Lei Seca acabasse e Joe tivesse o maior reservatório de licores do país. "Joe Kennedy combinava falta de escrúpulos com certa prudência. Foi assim que ele adquiriu riqueza e poder na bolsa de valores e em todos os seus outros negócios", afirma o escritor Ronald Kessler, autor do livro The Sins of the Father ("Os pecados do pai", sem tradução para o português).

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